FAMÍLIA PAIVA E SUA IMPORTÂNCIA SÓCIOPOLÍTICA
Texto de Carlos Dias, professor, historiador e escritor altoense
A família Paiva Oliveira, que aqui chegou pelos idos de 1800, segundo narra a historiografia oficial, estabeleceu-se em Altos ainda no início do século XIX com a agricultura e pecuária extensiva.
Com o passar do tempo, enveredaram para outros ramos na vida social e política do então povoado, lançando as sementes desenvolvimentistas na construção do núcleo urbano de Altos.
Provinha João de Paiva Oliveira e sua esposa Raimunda Maria de Jesus da cidade cearense de Novo Oriente, e aqui chegaram trazendo 03 filhos: Raimunda Maria de Jesus (1838-??), João de Paiva Oliveira (1840-1901) e Raimundo de Paiva Oliveira. Destes filhos, que herdaram o patrimônio construído pelo patriarca, 02 vão obter grande destaque na vida da comunidade: João de Paiva Oliveira (o filho, esse o iniciador do povoamento de Altos) e Raimunda Maria de Jesus; de Raimundo de Paiva Oliveira nada pudemos levantar.
O fundador
João de Paiva, o filho, vai tomar parte nas principais realizações iniciais do povoado de São José dos Altos.
Seus descendentes, hoje parcialmente radicados em um núcleo familiar no bairro Baixão dos Paiva, afirmam sua importância e militância política ativa na comunidade a nível municipal e estadual, no campo social e político, organizando campanhas e levando eleitores para votar na capital piauiense, fiel aos princípios governamentais da política de então.
O Baixão dos Paiva, bairro periférico da cidade, foi adquirido por um segmento da família Paiva em 1949, que inicialmente residia na hoje Avenida 12 de Outubro, no núcleo central do povoado e depois cidade de Altos.
Fazenda São José dos Altos de João de Paiva
A fazenda de João de Paiva era incrustada no alto da igreja paroquial de Nossa Senhora das Mercês e se estendia até as proximidades da fábrica de beneficiamento de castanhas de caju Eurocaju, pertencente ao Grupo Europa.
Em pesquisa publicada no jornal O Altoense, o Pastor evangélico e pesquisador Osvaldo Pessoa de Sousa afirma que o ancião João de Paiva, com seus filhos, instalaram suas residências nos pontos que ficaram reconhecidos de: Altos de João de Paiva, Alto Franco e Alto da Casa Nova.
A extensão de suas terras compreendia o Rio Caramujipe, entre Altos e Alto Longá. Do lado oeste, a Fábrica D’Caju (atual Grupo Europa), portanto, boa região de criar e lavrar.
Com o passar dos tempos, o velho João de Paiva estabeleceu várias fazendas em pontos favoráveis e também lavouras, dando à família segura manutenção. (jornal O Altoense, ano V, nº VIII, de 12.10.1991, p. 03).
Existia até pouco tempo no quintal da casa do Sr. Gentil Araújo, na entrada do bairro Alto Franco, uma mangueira antiquíssima que fora plantada pelas mãos do lavrador João de Paiva Oliveira.
João de Paiva, o filho, era uma pessoa letrada e com boas relações na administração estadual. Sua participação na vida da comunidade pode ser notada através de seu esforço na criação do Cemitério Público São José, em 1885, na construção da primeira capela de palha, dedicada a São José, em 1891, na organização e montagem da primeira escola pública do povoado – Escola Mista de Altos (1891) e na missão que recebeu em 1892 de mandar perfurar um poço público para abastecimento d’água da população, para cuja tarefa recebeu a verba de 09 contos de réis da Secretaria de Fazenda do Piauí, dentre outros.
Portaria datada de 2 de abril de 1891, assinada pelo então Presidente da Província do Piauí (Governador do Estado) Álvaro Moreira de Barros Oliveira Lima, dá conta de sua nomeação para a elevada função educacional de Inspetor de Ensino, cargo hoje equivalente ao de um Secretário de Educação. Eis, na íntegra, a transcrição do importante documento:
“ O Governador do Estado, sob proposta do Dr. Director Geral da Instrucção Pública, resolve nomear o cidadão João de Paiva Oliveira para o cargo de Inspector do Ensino da povoação dos Altos.
Communique-se.
Palácio do Governo do Estado do Piauhy. Theresina, 02 de abril de 1891.
Álvaro Mora. de Bos. Oliveira Lima”.
João de Paiva Oliveira Filho veio a falecer na idade de 61 anos, em 1901, sepultando-se no Cemitério Público São José, que ajudou a construir em regime de mutirão com os moradores do povoado. Ali o caridoso ex-Vereador João Pereira da Costa Neto (João Costa), já falecido, edificou singelo monumento ao lado do cruzeiro principal em homenagem ao proeminente vulto de João de Paiva.
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